Pesquisadoras do CNPq ganham Prêmio “Para mulheres na Ciência 2018”

Das sete pesquisadoras contempladas pelo Prêmio L’Oréal-Unesco-Abc para Mulheres na Ciência 2018, seis contam com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em sua trajetória científica. Quatro delas são bolsistas de Produtividade em Pesquisa e duas foram bolsistas de Pós-Doutorado do CNPq.

Esta é a 13ª edição do “Para Mulheres na Ciência”, programa desenvolvido pela L’Oréal Brasil em parceria com a UNESCO no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), cujo objetivo é promover a igualdade de gênero no ambiente científico. Desde 2006, o prêmio já reconheceu o trabalho de mais de 80 pesquisadoras brasileiras, estimulando a participação feminina na ciência e no ambiente acadêmico.

Há trezes anos, o prêmio reconhece cientistas com uma bolsa-auxílio de R$ 50 mil reais em quatro categorias: Ciências da Vida, Química, Matemática e Física. A edição 2018 bateu recorde de inscrições: ao todo, foram registradas 524 inscrições, 34% a mais que em 2017. A entrega da premiação acontecerá no dia 4 de outubro, na sede da L’Oréal, no Rio de Janeiro.

Todo ano, os jurados escolhem trabalhos com potencial de encontrar soluções para importantes questões de saúde, ambientais e econômicas.

Este ano, os temas pesquisados pelas premiadas envolvem a promoção da qualidade de vida para pacientes idosos em tratamento de câncer, uso da pedra-sabão como solução para aperfeiçoar próteses ortopédicas e dentárias, a busca da alimentação correta para a resistência das bactérias a antibióticos, entre outros.

 

Saiba mais sobre as cientistas reconhecidas em 2018:

CIÊNCIAS DA VIDA

A bióloga Angélica Vieira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, dedica-se a um tema de grande repercussão mundial: a resistência a antibióticos; causa de morte de 700 mil pessoas todos os anos. Especialista em Imunologia, a cientista mostra que uma possível solução pode estar mais perto do que se pensa: dentro do próprio organismo humano. Em seu projeto, Angélica procura descobrir os efeitos de uma alimentação balanceada através das bactérias benéficas que habitam o corpo, já que elas produzem substâncias chamadas de metabólitos, que auxiliam no combate a bactérias invasoras.

  • Ethel Wilhelm: projeto sobre terapias eficazes para causas de dores em idosos

A bioquímica Ethel Wilhelm, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, dedica-se ao tema do envelhecimento populacional. Pacientes idosos em tratamento contra o câncer – doença diretamente relacionada ao envelhecimento das células, entre outros fatores – costumam se queixar de efeitos adversos, como as dores nas extremidades do corpo. Em seu projeto, a cientista busca entender as causas das dores para desenvolver terapias mais eficazes que levem em conta as especificidades dessa faixa etária. Uma pista pode estar na relação entre a quimioterapia e o estresse oxidativo; tema em que Ethel é especialista.

  • Fernanda Cruz: estudo busca por tratamentos menos invasivos para asma grave

Especialista em medicina regenerativa, a pesquisadora Fernanda Cruz é recém-concursada do Laboratório de Investigação Pulmonar (LIP) do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ). A médica dedica-se ao estudo de problemas respiratórios crônicos desde sua iniciação científica, feita na mesma Instituição. O foco da cientista e seu grupo é buscar tratamentos menos invasivos para a asma grave e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), que se tornaram mais comuns no cenário de envelhecimento da população. A pesquisa propõe o uso de monócitos em vez de células-tronco. Fernanda têm sua trajetória acompanhada pelo CNPq desde que recebeu de 2014 a 2016 a bolsa de atração de jovens talentos pelo programa Ciência sem Fronteiras, logo em seguida, já no pós-doutorado (2014 a 2017) recebeu bolsa de jovens talentos.

  • Sabrina Lisboa: projeto estuda terapia mais eficaz para pacientes com Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Sabrina Lisboa, biomédica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo busca uma terapia eficaz para pacientes que sofrem de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), uma condição que atinge cerca de 8% da população mundial. Atualmente é preciso combinar diversos medicamentos para o tratamento, o que aumenta os riscos de efeitos colaterais. O grupo de pesquisa da pós-doutoranda da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo procura, portanto, entender as alterações que acontecem no cérebro de quem desenvolve o TEPT através de modelos experimentais. A partir das descobertas, um dos medicamentos já avaliados como uma possível terapia é um composto sintético semelhante ao THC encontrado na cannabis.
FÍSICA

  • Jaqueline Soares: projeto busca criar próteses ortopédicas e dentárias mais resistentes

A inspiração para o projeto da cientista mineira Jaqueline Soares veio de um ingrediente famoso e abundante em sua região: a pedra-sabão. Docente da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, a especialista em nanotecnologia pretende usar o talco produzido a partir da pedra para tornar próteses ortopédicas e dentárias mais resistentes. O pó tem um custo reduzido e pode ser incorporado ao filme de hidroxiapatita, material usado nos implantes, aumentando sua durabilidade sem provocar uma rejeição do organismo.


MATEMÁTICA

  • Luna Lomonaco: estudo do fractal chamado Conjunto de Mandelbrot

Luna Lomonaco, do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME/USP) também é bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, e especialista em sistemas dinâmicos, a ciência que analisa o comportamento de sistemas que mudam com o tempo e, assim, tenta prever seus próximos movimentos. Em seu projeto, a cientista se dedica ao estudo do Conjunto de Mandelbrot, um dos fractais mais conhecidos, e suas cópias dentro e fora do objeto geométrico.


QUÍMICA

  • Nathalia Lima: projeto visa aumentar prazo de validade do cimento para beneficiar economia brasileira

Nathalia Lima, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), busca a solução para um problema comum relacionado à economia brasileira e o campo da Engenharia Civil: o curto prazo de validade do cimento. O material amplamente usado em construções mantém suas condições ideais por apenas 90 dias após a fabricação. O estudoda cientista analisa as reações envolvidas na degradação do cimento por meio de técnicas como microscopia de fluorescência e química quântica. A partir da análise, a intenção é propor novas formas de armazenamento que sigam as condições ambientais de cada região, visando aumentar a durabilidade do material. Nathalia foi bolsista do CNPq durante a graduação entre 2006 e 2010, e entre 2015 e 2017 durante o pós-doutorado.

(CNPq, com informações da L’Oreal Brasil)